quarta-feira, 16 de março de 2011

Dois dias perfeitos

Descobri que o problema com a internet é da pousada mesmo. Têm dois equipamentos, mas algo não está funcionando bem.  Vão chamar o técnico de novo.  Usuário final sofre, viu...Estou tentando baixar as fotos bravamente.

Continua bem quente mas, segundo o pessoal daqui, no ano passado foi pior. Estava uns 42C, 43C nesta época.

Ontem foi dia de visitar o lado brasileiro das cataratas.  Outro motorista bacana: Pacheco. Nascido aqui, morou quase a vida toda no RS (uma cidade com nome de santo de que não me lembro), voltou para cá, trabalhou de lavador de pratos e ajudante de garçom no Hotel das Cataratas - o bacanão dentro do parque -, depois virou taxista.  Boa gente, simpático.  Contou que depois que o novo prefeito assumiu (está na segunda legislatura) a cidade melhorou muito.  O filho estuda em escola municipal e, segundo ele, todas as salas de aula têm aparelho de ar-condicionado (e precisa, viu, gente, senão a produção seria 0 com o calor que faz por aqui) em todas as escolas. Os outros benefícios são a limpeza, manutenção das vias públicas, do verde, e por aí vai. Saúde também disse que é boa por aqui. Bom, estou vendendo o peixe pelo preço que comprei.

Usei os serviços dele para me levar ao parque das cataratas (a dona da pousada ia me levar, mas teve de ir ao Paraguai fazer compras.  Isso é normalíssimo por aqui: vou até ali no Paraguai fazer compras e já volto. O bom é que o pessoal da pousada acerta tudo para a gente na maior boa vontade).  Ah, sim, outra informação: os táxis são padronizados e os taxistas têm de usar uma camisa azul (nem clara, nem escura, mas uma cor bem bonita).  E achei o preço das corridas bem em conta.

Poderia ter ido com um tour, grupo, mas achei mais negócio ir de táxi para poder fazer meu horário e ficar mais à vontade.   Na verdade se duas pessoas ou mais fizerem o mesmo, é muuuitooo mais negócio do que pegar uma excursão.  Marquei hora para me pegar no hotel e me buscar nas cataratas. são uns 50 kms ida e volta = R$ 80,00.

Saímos às 9h, chegamos ao parque antes das 10h. Resolvi visitar primeiramente o Parque das Aves (http://www.parquedasaves.com.br/v2/br.htm). No mínimo duas horas com calma. Coisa de primeiro mundo. Vale muito ver.  Foi idealizado por um casal de ingleses (vejam histórico no site) e é um empreendimento privado. Ótimo atendimento de começo a fim. Uma trilha única que não confunde o visitante, com rotas especiais para deficientes, tudo muito bem sinalizado.  Aves maravilhosas, em cativeiro bem estruturado, limpo, bem mantido, bem dimensionado.  A gente vê que as aves estão bem, não sofridas ou destratadas como em tantos lugares.  Uma alegria ver os tucanos, ficar pertinho deles, quase ser atingida pelos voos rasantes. O mesmo com as araras.  Há borboletário, répteis, além de aves de todo lugar do mundo, não só da região. O Pantanal, por exemplo, está muito bem representado. Só faltou o tuiuiú.

Sentimentos controversos: (1) por que não me orgulho de ser brasileira? Pouquíssimos brasileiros, mas seguramente os mais ruidosos e inconvenientes, com piadinhas, falando alto: Aaah, tucano de novo! Já vi tucano demais!  E quem quer ver borboletas?  Pois é, as centenas de estrangeiros, inclusive sulamericanos, maravilhavam-se com tudo, a cada minuto, a cada pequena descoberta, colorido, inclusive com as pequenas e graciosas borboletas; (2) Por que me orgulho de ser brasileira? Porque já visitei coisas lindas por aí, e o Parque das Aves está aqui, merece ser visitado, é belíssimo, organizado como tudo deveria ser, bem pensado, um verdadeiro monumento ecológico. Entrada: R$ 18,00, mapa R$ 1,00. Ah, só os banheiros não condizem com todo o resto:limpos, mas bem baleados. Mereciam uma reforminha.

Depois é só atravessar a rua (aliás estrada) e entrar no Parque Nacional de Iguaçu (http://www.cataratasdoiguacu.com.br/parque.asp). E foi André Rebouças, o mesmo que dá nome a importante avenida em SP, que iniciou o trabalho de preservação das cataratas.  O parque é explorado em regime de concessão. Óbvio, né, gente!  Outro empreendimento de primeiro mundo!  Tão bom, ou melhor ainda do que vi no lado argentino.  Tudo muito organizado, limpo, bem mantido.  Entrada para Mercosur R$ 22.  Há facilidade para tudo: transporte com ônibus mais que confortáveis, para comer, para toilete, para compras, pessoas atendendo em dois idiomas pelo menos, etc.  O espetáculo das cataratas está do lado brasileiro mesmo (sorry, hermanos...): as águas pujantes, as grandes quedas estão todas do lado argentino, mas a melhor vista de tudo está do lado de cá.  Ainda bem que é possível aproveitar essa maravilha tanto de lá, quanto de cá. Dá para todo mundo beneficiar-se com essa pujança.  E, como mencionei, os dois lados estão igualmente muito bem preparados.

Uma observação: já no ônibus, a gravação avisa sobre os quatis (uma verdadeira praga por todo o parque). Recomendam não mexer com eles, não dar comida ou comer perto, pois são bichos selvagens e agressivos, atraídos por comida. Do lado argentino não há esse aviso, o pessoal dá comida (ou lixo) de monte, e mexe com e nos bichos, que transmitem doenças inclusive (são como ratos).

Outro aspecto interessante são os guias, tanto de lá, quanto de cá.  Ouvi um dar uma bronca no grupo dele: Se continuarem assim, largo vocês aqui. Quero respeito com este santuário.  Silêncio, observação, cuidado com tudo o que está à volta: animais, plantas e a própria catarata.   O grupo murchou...e obedeceu.

Outra lembrança surgiu: a BR 469, que cruza o parque, foi a mesma por que passei com meus pais, irmão e minha prima há 40 anos. Antes não havia a entrada controlada do parque. Nós fomos por toda a estrada, respirando o cheiro da mata (ela é inconfundível e foi o que me reavivou as lembranças).  Vento batendo na cara, ouvindo os sons da vegetação.  Lembro-me que paramos pertinho do início do caminho para as cataratas.  Realmente não havia bons acessos ou passarelas, era tudo muito precário. Mas a gente visitou assim mesmo. Estranho é que tanto do lado argentino, quanto do lado brasileiro, pareceu-me tudo novo. Lindo e novo. Surpreendente, emocionante! Será o Al(zheimer) se instalando? Ai, meu Deus...

Além da visita a pé, pelas trilhas, há rafting, trilhas mais radicais, passeios de barco (como o que fiz ontem), exploração de ilhas no meio do rio. Tudo pago à parte, mas com preços bem razoáveis.  Uns 5 dias dá para fazer tudo, se tiver boa disposição.  Para mim, o que tenho feito já compensou de sobra a vinda meio no susto para cá.  Fechei um ciclo. Estou vendo belezas que vou levar comigo por toda a vida.  Um presente!

Depois de duas horas e meia com os pássaros, e mais duas horas nas cataratas, relax moment.  Afinal, a gente anda, viu!  E tem subida, descida, e felizmente muitas retas, mas são quilômetros.

Dei uma parada no único shopping da cidade, o Cataras JL (http://www.cataratasjlshopping.com.br/).  Pequeno, mas claro, novinho, bonitinho, muitas marcas que temos em SP, boa praça de alimentação. Almocei, tomei um delicioso café, dei um look nas lojas e voltei para a pousada para descansar.  O calor cresceu durante a manhã e isso cansou bastante. De novo, quilos de protetor solar.

Hoje é dia de visitar Itaipú.  Vou com o Pacheco.  Vou tentar ver o refúgio e eventualmente almoçar por lá. Vamos ver se dá.  À noite...surprise...

Vou dizer agora, para não esquecer: Foz é uma ótima cidade, com serviços excelentes, gente gentílissa, muita coisa bonita para ver na cidade e perto dela.  Fiquei orgulhosíssima desta cidade, como de poucas por que passei.

https://picasaweb.google.com/miriamkeller/Cataratasbrasil15032011?feat=directlink

Um comentário:

  1. Me deu vontade de voltar e fazer rafting. E um título lindo para uma história:
    As cores do bico do tucano.
    Abçs e ainda bem que vc volta logo, senti sua falta na peça ontem.
    O ator dos 39 degraus chama Henrique Stroeter e não homônimo do Guga do Heartbreaks como havia lhe dito.Abçs,
    Fabricio

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